Ilkilene Taques
Desde que conheci a epigenética, minha visão sobre envelhecimento mudou completamente. Parece ficção científica, mas é a ciência confirmando que podemos ter longevidade, um rosto mais jovial e saúde além da idade cronológica, através de três pilares: mudanças no estilo de vida, ambiente favorável e estudos de neurociências para sustentar esses pilares. Cientificamente, mecanismos epigenéticos como metilação do DNA, microRNAs e modificações de histonas influenciam o envelhecimento cutâneo, sendo afetados pelo que comemos, bebemos, vivemos e como lidamos com as emoções. Ler sobre isso também é uma arma contra doenças neurodegenerativas, pois aprender algo novo estimula a neuroplasticidade e o rejuvenescimento cerebral, fortalecendo conexões neurais.
A epigenética e as neurociências, termos relativamente novos, mostram que o ambiente pode ligar ou desligar genes sem alterar sua sequência, influenciando nossa saúde física, emocional e mental. A vida moderna, com excesso de telas e estresse, aumenta transtornos como ansiedade e depressão, afetando cerca de 1 bilhão de pessoas globalmente (OMS, 2023). Estudos indicam que hábitos como meditação, exercícios, alimentação natural, mindfulness (atenção plena) podem promover mudanças epigenéticas positivas, reduzindo o estresse, aumentando a longevidade e promovendo qualidade de vida. Dessa forma, buscar propósito, autoconhecimento e práticas contemplativas estimulam áreas cerebrais relacionadas ao controle emocional, contribuindo para uma vida mais equilibrada.
Nosso cérebro é plástico, por isso as práticas mente-corpo ajudam a regular o eixo do estresse, diminuindo cortisol e inflamações, além de promover mudanças moleculares benéficas. Nosso Sistema Nervoso Central reorganiza circuitos emocionais, treinando redes como a amígdala e o córtex pré-frontal para respostas mais saudáveis e essas modificações impactam positivamente nossos genes.
Incorporar insights epigenéticos e neurocientíficos em políticas públicas, psicoterapias e programas educativos amplia a eficácia das intervenções e transformam hábitos em saúde integral. Nesse sentido, devemos celebrar Cuiabá por sediar na Faculdade FASIPE no CPA I, o “1º Congresso Mato-grossense de Neurociências e Espiritualidade – Reconectando seu DNA para uma nova realidade”, nos dias 15 e 16 de agosto. Com uma proposta interessante de dialogar sobre epigenética, neurociências e autoconhecimento, reconhecendo que a ciência evolui quando cruza fronteiras e que corpo, mente e espírito se encontram em múltiplos níveis. Os palestrantes, especialistas renomados na área trarão, através de experiências, mudanças de mentalidade para uma vida mais saudável e feliz. Que esse congresso inspire uma cultura de cuidado que começa no gene, atravessa o neurônio e floresce no sentido da vida.
Ilkilene Taques é mestre em Biociências, doutoranda em Engenharia Biomédica, funcionária pública e Coordenadora de Pós-graduação na Faculdade FASIPE Cuiabá.