O que esperar do Consórcio Aeroeste?

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Welyda Cristina de Carvalho

O leilão de concessão de 12 aeroportos nacionais na B3 (Brasil Bolsa Balcão) suscita alguns questionamentos sobre investimentos no setor de infraestrutura e logística. O Consórcio Aeroeste arrematou por R$ 40 milhões os aeroportos de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta, os maiores de Mato Grosso. Houve grande ágio frente ao lance mínimo inicial de R$ 800 mil, considerando igual desempenho em relação aos outros leilões de aeroportos brasileiros.

Algumas perguntas são inevitáveis: haverá melhor concorrência para expandir voos a Mato Grosso? Os custos da passagem aérea em um mercado periférico como o nosso podem reduzir ou vão aumentar? Outro ponto importante e histórico é saber se o consórcio fará gestão para incentivar o tão esperado voo permanente, ou mesmo sazonal, na rota Cuiabá-Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), para melhores conexões dos mato-grossenses para os Estados Unidos (leia-se Miami, por exemplo), Caribe e países do Pacífico (Chile, Peru) sem precisar, obrigatoriamente, ir a São Paulo ou a Brasília. Em 2019, a previsão é que sejam transportados 3,2 milhões de passageiros nos quatro aeroportos alvos da concessão. E a previsão é que triplique para cerca de 9,1 milhões no fim dos 30 anos do contrato de concessão, segundo dados da Infraero.

O Consórcio Aeroeste vai investir R$ 386,7 milhões nos primeiros cinco anos nos quatro aeroportos, sendo o investimento total de R$ 770 milhões. O que se espera é que as duas empresas que compõem o consórcio sejam responsáveis, pelo que se apresentam, e dotem Mato Grosso de aeroportos de alto desempenho. As duas empresas que integram o empreendimento têm experiência em gestão e concessões rodoviárias, aeroportuárias e portuárias.

A líder do consórcio é a Socicam Terminais Rodoviários, com 85% de participação, em negócios que envolvem a atuação em 3 países (Brasil, Chile e Peru), 15 Estados, 60 cidades e 150 empreendimentos. E tem cerca de 4 mil funcionários. A empresa está em setores como aeroportos (concessão ou prestação de serviços em 10 aeroportos médios e regionais em Minas Gerais, Bahia, Ceará e Goiás – Goiânia); portos (3 na Bahia); terminais rodoviários (33 em 10 Estados no Brasil, entre eles o Terminal Rodoviário Interestadual de Brasília e o Tietê, em São Paulo e 3 terminais internacionais nas cidades de Puerto Mont no Chile, Ayacucho e Lima no Peru); 70 terminais urbanos nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste.

A empresa minoritária do Consórcio Aeroeste é a Sinart (Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico), com 15% de participação, conhecida dos mato-grossenses por ser concessionária do Terminal Rodoviário de Cuiabá desde 2018. Atua na gestão de rodovias e concessionária dos aeroportos (Juiz de Fora – MG e Porto Seguro – BA). Além dos segmentos de turismo, hotelaria, estacionamentos públicos e privado.

Nos anos 1990 e 2000, o brasileiro trocou o ônibus pelo transporte aéreo mais popular, diante da renda maior e companhias de baixo custo, apesar de algumas tragédias, como a queda do avião da Gol em 2006 em Mato Grosso, um dos maiores desastres do Brasil em número de vítimas. Mas, ao fim, o cidadão quer qualidade dos serviços aeroportuários e, principalmente, a segurança dos voos com adequado custo-benefício. Eis aí um desafio para a concessionária em mais uma estratégia para a integração da distância continental de Mato Grosso ao restante do Universo.

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Welyda Cristina de Carvalho é advogada, pós-graduada em Direito Processual Civil e fez intercâmbio em Sunshine Coast, na Austrália. [email protected]

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