Projeto Municipal: Dever da Esperança

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Diogo Botelho

“Não se conhece a ilha, sem sair da ilha!” Pois bem, àqueles que tiveram oportunidade de conhecer as outras capitais do nosso rico Centro-Oeste, puderam verificar que nossa Capital está muito atrasada. Isso não significa que estou depreciando minha querida cidade, não se trata de um demérito, desprestígio, pelo contrário, trata-se da constatação objetiva que nos revela, sem maquiagem, que ainda somos um centro urbano subdesenvolvido.

Mas, Cuiabá é subdesenvolvida por quê? Por que Cuiabá não consegue refletir toda riqueza produzida em nosso Estado?

As pistas que explicam o drama cuiabano podem ser facilmente visualizadas se volvermos os olhos para a Câmara Municipal de Cuiabá. De largada, há que se ressaltar que a moldura jurídico-política entabulada na Constituição Federal, reservou ao Poder Legislativo especial protagonismo, tanto que o presidente, governadores e prefeitos, são totalmente dependentes da vontade legislativa. É o que se apelidou de “parlamentarismo às avessas”. Com efeito, as transformações que tanto desejamos dependem muito mais da atuação do Legislativo do que do próprio Executivo!

Assim, se as decisões que podem resolver as mazelas da nossa cidade dependem fundamentalmente da Câmara, caro leitor, a última década desta Casa explica o nosso atraso urbano! Chica Nunes, Lutero Ponce e João Emanuel, todos foram presidentes da Câmara Municipal de Cuiabá, e todos estão condenados pela Justiça Criminal! É autoexplicativo. Condenados que condenaram Cuiabá!

E a lufada de escândalos que rouparam a Casa Legislativa de Casa dos Horrores ainda permanece. O atual presidente, Misael Galvão e sua grei, fazem a vez de pêssega diante do episódio Paletó! E tudo isto, mais uma vez explica o nosso atraso.

Todavia, não desanimemos, pois, força não há capaz de enfrentar uma ideia cujo tempo tenha chegado, já dizia o poeta. Ainda, como o sol sempre volta a brilhar, há esperança.

A apatia dessa Câmara Municipal composta por 25 homens, apenas homens, em não formular um Projeto de Desenvolvimento Municipal que aproveite todo o potencial da Capital, não pode reinar sobre as expectativas de mudanças com a vinda do pleito eleitoral.

É preciso rediscutir a importância do vereador, cujo papel não pode mais se resumir a entrega de honrarias e títulos honoríficos, ou mesmo, pela defesa de Paletó. R$ 60 milhões de orçamento pedem um Projeto de Desenvolvimento Municipal que dê combustão a toda potencialidade da capital do agronegócio, que desburocratize e racionalize o sistema tributário municipal; que fomente por meio do diálogo institucional com o Estado e a União a capacitação técnica dos nossos jovens; que urbanize Cuiabá para além do pintar praças e meios-fios; que, definitivamente, substitua e renove a concessão do transporte público; que supervisione a concessionária de água e esgoto e a obrigue ao cumprimento das metas estipuladas em contrato; que dê privilégios às crianças; que tenha inteligência e não subserviência para buscar junto às instituições privadas o renascimento da cultura cuiabana.
Todas essas formulações sintetizam as medidas urgentes que não podem ser adiadas e que devem ser concretizadas para alçar a nossa Capital a um voo de desenvolvimento compatível com toda riqueza aqui produzida.

E é a esperança como o mais nobre sentimento que inspira nosso dever cívico de lutar e construir um Projeto Municipal de Desenvolvimento.
Cuiabá precisa entrar, em definitivo, no século XXI! É o dever da esperança.

*Diogo Botelho é advogado.

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