Sobrecarga de trabalho coloca em risco a vida dos profissionais de enfermagem

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Dados do Painel epidemiológico divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde nesta quinta-feira (18), mostram que em Mato Grosso enfermeiros e técnicos em enfermagem lideram a lista de profissionais de saúde contaminados pela covid-19 este ano: 337 pessoas. O número equivale a 3,31% do total de casos (87.072) envolvendo toda a população. Em 2020, o percentual ficou em 14,7%.

Levantamento divulgado pela SES-MT na última quinta-feira (18), mostra que em Mato Grosso enfermeiros e técnicos em enfermagem lideram a lista de profissionais de saúde contaminados pela covid-19: 337 pessoas. Para o Conselho Regional de Enfermagem a sobrecarga de trabalho decorrente do descumprimento do Parecer Normativo 02/2020, do Cofen, sobre o dimensionamento do quadro de pessoal, pode ter influência direta sobre estes números.
De janeiro a 18 de março deste ano, Mato Grosso registrou 85.281 casos de covid-19 com 1.781 óbitos. Dos 337 profissionais de enfermagem contaminados 43 morreram.

O Conselho Regional de Enfermagem tem acompanhado o crescimento da pandemia e intensificado a fiscalização nas unidades de saúde. A sobrecarga de trabalho provocada pela escassez de profissionais pode ser um dos fatores para tanta contaminação. Os hospitais estão lotados e os trabalhadores esgotados física e mentalmente.

“Intensificamos a fiscalização e temos observado o descumprimento das orientações do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) quanto ao dimensionamento do quadro de pessoal. Significa dizer que que temos menos trabalhadores atuando no combate à pandemia do que preconiza conselho. Toda esta pressão, o estresse da atividade e o cansaço físico e mental acabam abrindo portas para o vírus nu mínimo descuido que seja, como na retirada dos Equipamentos Individuais de Segurança (EPIs) no final do expediente”, disse o presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Antônio César Ribeiro.

De acordo com o Parecer Normativo 02/2020, do Cofen, durante a pandemia os hospitais devem considerar a classificação de risco de contágio como intermediária e formar as equipes de trabalho com 33% de enfermeiros e 67% de técnicos.

Hospitais Gerais e de Campanha, por exemplo, devem garantir no mínimo 6 horas de atendimento de enfermagem à cada paciente, durante as 24 horas do dia. Para cada 20 leitos a recomendação é de 17 enfermeiros e 33 técnicos quando a escala for de 20 horas semanais. Para a escala de 30 horas, 11 enfermeiros e 23 técnicos. Se a escala for de 36 horas, 9 enfermeiros e 19 técnicos; 40 horas, 8 enfermeiros e 17 técnicos; 44 horas semanais, 8 enfermeiros e 15 técnicos.

Nas Unidades de Referência, onde ocorre o tratamento semi-intensivo/sala de estabilização, o mínimo recomendado é de 1 enfermeiro para cada 8 leitos ou fração e de 1 técnico de enfermagem para cada 2 leitos ou fração; além de 1 técnico de enfermagem para cada 8 leitos dedicados ao apoio assistencial em cada turno. Recomenda-se que esta proporção seja mantida independente da carga horária semanal praticada pela unidade de saúde.

Os serviços de UTI deverão contar com 1 enfermeiro a cada 5 leitos e 1 técnico de enfermagem a cada 2, além de 1 técnico a cada 5 leitos para serviços de apoio assistencial em cada turno. Caberá ao Enfermeiro avaliar a complexidade da assistência e designar um técnico de enfermagem exclusivo para o paciente tendo em vista a gravidade do paciente e a carga de trabalho.

“Estamos orientando a categoria para que redobre os cuidados e cobrando dos gestores e das autoridades sanitárias o cumprimento de todas as orientações que passamos. Quando a conciliação não é possível, acionamos o Ministério Público, por meio das ações civis públicas, para que tome as providencias cabíveis. Se estamos no topo da lista da SES, precisamos de mais atenção por parte dos poderes constituídos”, cobrou o presidente do Coren-MT.

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