Região Noroeste de Mato Grosso reclama da falta de apoio dos órgãos estadual e federal neste período chuvoso

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O trânsito de veículos foi liberado na altura do quilômetro 850 da BR-174, entre os municípios de Juruena e Castanheira, no noroeste de Mato Grosso. A informação é do DNIT, que havia bloqueado o tráfego por causa das chuvas que fizeram a água do Rio Vermelho transbordar e encobrir a estrada. Além de Juruena, pelo menos outros quatro municípios amargam os prejuízos causados pelas péssimas condições da BR-174: Castanheira, Cotriguaçu, Aripuanã e Colniza. A região se destaca na pecuária, com um rebanho.

Mas a retomada do tráfego não significa que ele tenha sido normalizado. A situação por lá ainda é bastante crítica, como explica o Marcos Antônio Belizário Rodrigues, presidente do Sindicato Rural de Juruena. “As fortes chuvas dos últimos 8 dias deixaram a nossa região numa situação deprimente, totalmente isolada do restante do estado. Não temos como escoar a nossa produção, não conseguimos tirar do nosso município e da nossa região o leite produzido, a madeira, a carne”, comenta, alertando que a situação “é dramática” e que “alguns produtos já começaram a faltar nas prateleiras dos supermercados”.

A “Golden Imex”, sediado em Juruena, depois de ficar três dias sem abater – por falta de gado – a unidade retomou as atividades no início desta semana, porém em volume muito abaixo do normal. Menos de 200 cabeças estão sendo abatidas diariamente, 500 a menos que o de costume. A redução, segundo um dos compradores de gado da empresa, é reflexo das dificuldades para receber animais. Há caminhões parados nas fazendas e, outros, na estrada.

Outro problema enfrentado pela empresa – e que ilustra as dificuldades de quem vive na região – é para escoar a carne que já está pronta para ser exportada. O mercado externo é o destino da produção desta indústria. Sem ter como trafegar com segurança pela BR-174, os motoristas que transportam os contêineres são direcionados para outra rota (via Alta Floresta), ampliando em 200 quilômetros o trajeto, incluindo uma travessia de balsa ao custo de R$ 500,00 por contêiner.

Diante do cenário de caos, que se repete a cada ano, o presidente do Sindicato Rural de Juruena cobra soluções. “A gente gostaria de uma resposta. As promessas são tantas e nunca se tem uma ação. Quando é que a pavimentação tão falada e prometida vai virar realidade? São tantos estudos necessários, estudos ambientais, estudos indígenas, para que tantos entraves se a “BR” já existe?”, reclama, lembrando que o custo estimado para pavimentar os 275 quilômetros da estrada entre Juruena e Colniza está estimado em aproximadamente R$ 650 milhões. “Já são mais de 10 anos que a gente escuta falar desta verba para a realização do projeto, mas ação que é bom, nada. Nós também somos seres humanos, também produzimos e queremos que o governo faça alguma coisa por nós, pavimente a BR-174. Nós precisamos estar ligados ao resto do mundo, e não apenas por estas estradas que nos deixam isolados”, conclui.

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